terça-feira, 9 de abril de 2013

A força dos músculos e ossos


O esqueleto humano é o engenho mecânico mais perfeito já criado pela natureza, mas exige cuidados. Dois fatores para seu equilíbrio são a alimentação balanceada e a atividade física regular.

O ser humano tem a sorte de estar edificado sobre um esqueleto sólido como o concreto armado. Nossos 206 ossos, além de sustentar o corpo e proteger os órgãos internos, proporcionam uma estrutura sobre a qual atuam os músculos, poderosas massas fibrosas contráteis que possibilitam os movimentos. Desprovidos de esqueleto e musculatura, seríamos criaturas flácidas e indefesas, que deslizariam pelo chão como plantas rasteiras.
Constituído por ossos, músculos, tendões, ligamentos e outros componentes das articulações, o sistema músculo-esquelético é o engenho mecânico mais completo já projetado pela natureza, capaz de executar variadas ordens emitidas pelo cérebro – desde pintar um soldadinho de chumbo até rebocar grandes objetos. Os ossos estão preparados para resistir a movimentos fortes e bruscos. Essa característica é fruto de sua arquitetura interna. Fibras de colágeno e cristais salinos se entrelaçam para formar algo parecido com um edifício: as fibras de colágeno equivalem a barras de aço, que garantem ao osso grande resistência à tensão, enquanto o papel do cimento é executado por cristais de hidroxiapatita. Esses, tão duros quanto o mármore, garantem às peças esqueléticas uma resistência à compressão superior à do concreto armado.

Em constante regeneração
No centro dos ossos encontra-se a medula, uma substância suave e menos densa em que se localizam células especializadas em uma função vital, embora às vezes ignorada ou esquecida: a produção do sangue. Como qualquer tecido vivo, os ossos estão em processo constante de regeneração. O osso velho é digerido por células ósseas chamadas osteoclastos. Quando elas terminam sua tarefa, abandonam o meio para que os osteoblastos, outra família celular, reconstituam as porções de osso eliminadas. Normalmente, exceto nos ossos em crescimento, as taxas de tecido ósseo digerido e reconstituído são iguais entre si, de modo que sempre teremos a mesma quantidade de osso.
Para nossa infelicidade, esse equilíbrio se rompe naturalmente à medida que envelhecemos. Os ossos humanos atingem seu maior vigor por volta dos 30, 35 anos de idade. A partir de então, podemos perder de 3 a 5 mm de densidade óssea por ano. E mais: certas doenças, o sedentarismo, a deficiência de cálcio e vitamina D, o uso de determinados medicamentos, o abuso de álcool e cigarro e a menopausa precoce, entre outros fatores, podem acelerar a perda de qualidade e quantidade do tecido ósseo.
O esqueleto de pouco serviria se não fosse acionado pela musculatura que o envolve. Responsável pela postura e pelos movimentos, a musculatura esquelética é composta por cerca de 600 músculos de diferentes formas e tamanhos – do milimétrico estapédio do ouvido médio ao quadríceps da coxa, milhões de vezes mais volumoso. Cada músculo é constituído por fibras musculares de dois tipos principais: as de contração rápida, que facilitam a execução dos movimentos explosivos, e as de contração lenta, úteis nas atividades de resistência. Algumas pessoas têm mais fibras lentas que rápidas. Em outras, ocorre o contrário. Essas diferenças musculares podem definir nossa aptidão para realizar certos exercícios ou nos sobressairmos em um dado esporte: pessoas com mais fibra rápida se destacam nas provas de salto e nas corridas de 100 m, ao passo que os mais ricos em fibras lentas tendem a vencer as maratonas.
Não há comprovação científica de que o treinamento físico modifique as quantidades relativas dos tipos de fibra muscular. A composição fibrosa dos músculos é uma herança genética. Por isso, pode-se falar em uma predisposição para esportes específicos. Compare: numa pessoa normal, a proporção média entre fibras rápidas e lentas no quadríceps é de 55 para 45%; num corredor de maratona, de 18 para 82%; num velocista ou saltador, de 63 para 37%.
A predisposição genética também está relacionada à massa muscular e à secreção de testosterona, o hormônio que garante aos homens uma musculatura mais exuberante que a das mulheres. Mas, diferentemente do que ocorre em relação à composição fibrosa, a atividade muscular influi no aumento da massa e da resistência. O sedentarismo deixa os músculos mais fracos e pode causar atrofia, ao passo que o treinamento ajuda a aumentar o volume dos músculos, melhora sua potência e os deixa mais resistentes à fadiga.

Viciados em malhação
Uma dieta balanceada e a atividade física regular favorecem uma musculatura mais saudável e retardam o declínio natural da força e da capacidade de movimentação do corpo. Nos dias de hoje, muita gente relaciona a boa forma à beleza e ao sucesso. Por isso, a atividade física pode se converter numa obsessão patológica. Os psiquiatras advertem que o culto exagerado à hipertrofia muscular pode ser o primeiro passo para a vigorexia, também conhecida como Síndrome de Adonis, um transtorno cada vez mais comum entre homens de 18 a 35 anos. Quem sofre desse mal pode dedicar até cinco horas diárias ao fortalecimento dos músculos e, ainda assim, se achar fraco e flácido.
A maioria das pessoas não percebe que a principal vantagem do exercício físico regular é, na verdade, proteger o corpo das doenças reumáticas. Quando o aparelho locomotor adoece, a qualidade de vida cai vertiginosamente: dor, inchaço, enrijecimento das articulações, fisgadas, distensões, fraqueza e cansaço localizado em partes do corpo, perda do apetite e, claro, dificuldade para se movimentar.
Uma em cada quatro pessoas que recorrem a um médico tem sintomas de problemas músculo-esqueléticos. Já foram descritas mais de 300 doenças que afetam ossos, articulações, músculos, ligamentos e tendões. Essas doenças são chamadas popularmente de reumatismos. Algumas delas, como a artrite, são causadas pela degeneração da cartilagem que envolve as articulações. Outras, como a artrose reumática, decorrem de uma persistente inflamação articular. Às vezes, o problema é o inchaço da articulação devido ao acúmulo de cristais de ácido úrico, como na gota, e em outros casos são as articulações da coluna que se inflamam, “fundindo-se” entre si, como na espondilite anquilosante. Nas pessoas com osteoporose, os ossos se descalcificam. Quem tem fibromialgia sofre de dor e rigidez nos tecidos moles, como músculos e tendões.
“As doenças do aparelho locomotor são a segunda maior causa de falta ao trabalho no Brasil”, afirma o reumatologista Eduardo Meirelles, chefe do Grupo de Reumatologia do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, de São Paulo. “Só perdem para doenças infecciosas do sistema respiratório, como a gripe.” O médico explica que o clima ensolarado do país favorece a ativação da vitamina D no organismo, a responsável pela absorção de cálcio, e nos deixa, em teoria, mais resistentes a doenças ósseas. Em teoria, porque alimentação e atividade física são outros fatores importantes.

Terceira causa de invalidez
Dados do Ministério da Saúde indicam que os reumatismos atingem cerca de 20% da população acima de 40 anos. Acredita-se que todas as pessoas que chegarem aos 90 anos terão algum grau de comprometimento osteoarticular, mas não apresentarão necessariamente os sintomas da doença. No Brasil, existem cerca de 50 milhões de pessoas que sofrem de algum tipo de doença reumática, principalmente a artrose e o reumatismo das partes moles. O reumatismo nas partes moles atinge músculos e tendões e é mais comum em pessoas adultas. Em geral, resulta de traumas provocados por esforços excessivos ou repetitivos.
As doenças reumáticas são um grande problema de saúde pública no Brasil. Além de ser a segunda maior causa de afastamento temporário do trabalho, são a terceira principal razão de aposentadoria precoce por invalidez, perdendo apenas para as doenças cardíacas e mentais. A boa notícia é que já existe um amplo arsenal terapêutico para frear e mesmo reverter os males reumáticos. Para tanto, o diagnóstico precoce é fundamental. “Só isso pode garantir uma intervenção rápida em estágios ainda reversíveis das doenças. O sucesso do tratamento é proporcional à precocidade com que é administrado”, diz o reumatologista Javier Paulino, presidente da Liga Reumatológica Espanhola.
A maioria das doenças reumáticas não tem cura, mas mudanças comportamentais, aliadas a medicamentos adequados, podem melhorar consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes. Se você sofre de algum tipo de incômodo ósseo ou muscular, convém procurar o médico. Ele pode avaliar se você sofre de um mal passageiro ou se está experimentando os primeiros sintomas de uma doença reumática. n
Adaptação Leandro Quintanilha

Seis mitos sobre a boa forma

Antes de suar numa academia,entenda um pouco mais quais são os benefícios da atividade física
1. “Freqüentar uma academia é a única opção para entrar em forma.”
Errado. Caminhar 30 minutos por dia, por exemplo, já proporciona grandes benefícios à saúde.
2. “Sem dor, não há recompensa.”
Nada disso. Sempre que sentir dor ao praticar um exercício, pare de fazê-lo.

3. “Tenho de malhar até a exaustão.”
Nem pensar. Os médicos recomendam a prática regular de exercícios físicos, mas de forma moderada.

4. “Os abdominais deixam a barriga reta.”
Doce ilusão. Exercícios abdominais reforçam a musculatura e garantem uma melhor mobilidade da coluna. Contudo, se há excesso de gordura na barriga, a musculatura abdominal permanece oculta.

5. “Os exercícios aeróbicos são os melhores.”
Não é bem assim. Um bom programa de condicionamento físico deve incluir exercícios aeróbicos (como correr e nadar), musculação e alongamento.

6. “Ao malhar, as mulheres correm o risco de ficar musculosas demais.”
Ainda bem que não. Em geral, as mulheres não têm testosterona (hormônio relacionado ao crescimento da massa muscular nos homens) suficiente para se tornar fisiculturistas tão facilmente.

A armadura dos órgãos vitais

Formado por 206 ossos, o esqueleto humano tem a função principal de sustentar o corpo e proteger determinados órgãos, como o cérebro (protegido pelo crânio) e os pulmões e o coração (pelas costelas).
• Os ossos do corpo humano variam de formato e tamanho. O maior é o fêmur, que fica na coxa, e o menor, o estribo, que estádentro do ouvido médio.
• Os músculos se prendem aos ossos pelos tendões. O corpo humano tem mais de 600 músculos, como peitoral, bíceps, quadríceps, mas a maioria das pessoas normalmente só usa uma pequena parte disso. Cada músculo possui seu nervo motor, que se divide em ramos para controlar todas as células locais.
• O sistema muscular é capaz de efetuar uma grande variedade de movimentos, controlados e coordenados pelo cérebro. Os músculos são os órgãos ativos do movimento. Eles são dotados da capacidade de se contrair e de se relaxar e, assim, transmitem seus movimentos aos ossos sobre os quais se inserem.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Exercício na infância, saúde óssea na velhice


Segundo pesquisadores do Hospital Universitário de Skane, na Suécia, praticar atividades físicas regularmente desde a infância pode reduzir o risco de fraturas ao atingir idade avançada. 


A pesquisa foi apresentada em um encontro recente da Sociedade Americana de Ortopedia para Medicina Esportiva (AOSSM). De acordo com o principal autor do estudo, Bjorn Rosengren, a relação entre exercícios na infância e diminuição do risco de fraturas ocorre devido ao aumento do pico de massa óssea, que ocorre em crianças que praticam exercícios regularmente. 

Durante seis anos, os pesquisadores colocaram 362 meninas e 446 meninos, entre sete e nove anos de idade, para praticar 40 minutos diários de educação física na escola. Enquanto isso, outro grupo composto por 780 meninas e 807 meninos praticavam apenas uma hora semanal de exercícios. Os pesquisadores  acompanharam a incidência de fraturas e o desenvolvimento ósseo de todas as crianças  anualmente e, ao final do período de estudo, o risco de fraturas era similar nos dois grupos, mas a densidade óssea da coluna vertebral era mais elevada nas crianças que praticaram mais exercícios. 

A equipe também realizou um estudo retrospectivo, comparando 709 homens ex-atletas com idade média de 69 anos e 1.368 homens sedentários, com idade média de 70 anos. Os resultados mostraram que a densidade óssea dos ex-atletas sofreu uma redução mínima na idade avançada, em comparação com o outro grupo. Com essa conclusão, o estudo destaca mais um motivo pelo qual crianças precisam praticar atividades físicas regularmente para melhorar sua saúde, tanto no presente quanto no futuro. 

Por Jornalismo Portal EF


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Atividade física é fundamental para fortalecer ossos das crianças


Exercícios aumentam densidade, tamanho e resistência óssea, evitando fraturas comuns nessa idade. 

Recente estudo divulgado pela Academia Americana de Pediatria concluiu que a prática de atividades físicas aumenta a densidade, o tamanho e a resistência óssea das crianças, evitando as fraturas comuns nessa idade.
A pesquisa, realizada por cientistas suecos, acompanhou crianças de 7 a 9 anos durante um período de quatro anos e revelou ainda que aqueles que praticam exercícios físicos antes da puberdade têm mais chances de chegar à terceira idade sem desenvolver osteoporose, já que a atividade potencializaria o crescimento celular que acontece de forma intensa no osso antes do período da adolescência.
Os exercícios podem e dever ser praticados pelo menos por 30 minutos diários. Dentre as atividades que podem ser praticas por crianças são ciclismo, natação, lutas marciais, jogos e brincadeiras ao ar livre, entre outras. O ideal é permitir que as crianças experimentem diversas atividades até achar uma que seja do seu agrado.
Hoje em dia, com a era da informática e com o sedentarismo dos pais, as crianças precisam ter um estimulo maior a prática de atividade física. É importante também passar por uma avaliação médica no processo de achar a atividade física ideal. 

MATÉRIA PUBLICADA NO PORTAL R7

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Ciência é aliada na detecção de talentos esportivos precocemente


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Uso de testes e estatísticas informa qual modalidade esportiva é mais indicada para cada criança.

Talento é algo bastante singular. Essa capacidade típica dos humanos é descrita pelo dicionário Michaelis de língua portuguesa como “agudeza de espírito, disposição natural ou qualidade superior; espírito ilustrado e inteligente, grande capacidade; força física, vigor” e é uma característica que diferencia muitos profissionais em diversas áreas. No caso dos esportes, ter talento pode ser um grande indicativo de sucesso, quando o atleta é levado a um preparo que colabore para o desenvolvimento de sua potencialidade. O avanço da ciência torna-se uma grande aliada na detecção destes talentos e consegue dar indicativos de como treiná-los para que se tornem atletas de alta performance.

Testes físicos e padronizados que medem habilidades variáveis como flexibilidade, força, velocidade etc são empregados para determinar o potencial de um atleta para uma modalidade específica. No caso do ex-atleta de alta performance norte-americano Michael Phelps, por exemplo, os modernos recursos tecnológicos e científicos conseguiram demonstrar que suas características morfológicas, como tamanho de mãos e pés, envergadura de braços, capacidade cardiorrespiratória etc, eram mais do que perfeitas para a prática de natação, sendo apenas uma das justificativas de seu enorme sucesso dentro das piscinas.

Luis Carlos Oliveira, profissional de Educação Física, professor universitário e instrutor de pesquisa do Centro de Estudos e Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs), SP, conta que a detecção de talentos também acontece no Brasil, por meio da Estratégia Z Celafiscs, tese de livre-docência do professor Victor Matsudo, uma das referências sobre o assunto. “Essa estratégia Z leva em consideração as variáveis como aptidão física, composição corporal, velocidade, força, flexibilidade etc para, em uma ferramenta estatística, fazer uma comparação daquele atleta com a média das pessoas com a mesma idade e sexo e, com isso, dar um prognóstico de qual é a potencialidade de uma criança para uma determinada modalidade esportiva”, explica.

Atletas de laboratório: o “Z “ da questão

O teste é realizado, geralmente, em crianças imaturas sexualmente para poder descobrir precocemente seus talentos, potencializando-os para que aquele indivíduo possa receber o treinamento mais adequado para vir a se tornar um atleta de alta performance. “O trabalho é feito em cima dos princípios do crescimento e desenvolvimento, respeitando a idade ideal para trabalhar cada variedade esportiva e tentando potencializar esse talento”, conta Oliveira. Em adultos é possível detectar o potencial, mas pouca coisa consegue ser transformada depois por meio do treinamento - vantagem que a turminha mais nova ainda domina. A maturidade sexual, por determinar a maturidade biológica, acaba sendo preferível à idade cronológica, já que é mais variável entre as crianças.

Outras características pessoais dão indícios de que aquela criança pode ter talento para o esporte. Oliveira conta que a menarca (primeira menstruação) costuma acontecer, em média, entre 12.6 anos nas meninas brasileiras, mas entre mulheres atletas, essa idade é mais tarde, entre 14 e 16 anos. Dessa forma, a menarca tardia pode ser um indicador de que aquela menina tem potencial para ser atleta, dentro das outras variáveis que também devem ser analisadas na Estratégia Z. “A força é uma variável de maturação tardia, que só vai aparecer nas meninas por volta dos 14 anos e, nos meninos, até dois anos mais tarde. Se uma criança apresentar potencial de força precoce, então esse pode ser um outro indicador de que, se trabalhado adequadamente, poderá se desenvolver como atleta”, exemplifica o instrutor.

Depois de identificar os indícios de que as variáveis de potência aeróbia, força, velocidade, flexibilidade etc sugerem que aquela criança está acima da média de sua idade, a equipe da Celafiscs, por exemplo, sugere modalidades esportivas que mais têm a ver com a capacidade física daquela pessoa para que o treinador possa criar o melhor treinamento de carga, volume etc adequado àquela idade, para que a criança maximize e desenvolva tais características e possa se tornar um atleta de alta performance no futuro, demonstrando como o uso do “laboratório” pode influenciar a atividade esportiva de uma forma benéfica.

Talento não significa sucesso

Predisposição para ser um bom atleta não garante que aquela criança, ao se desenvolver, vai ser bem-sucedida na carreira esportiva. Sem um treinamento adequado que potencialize e amplie suas habilidades e sem a força de vontade para seguir nesse preparo, o sucesso se distancia.

“Acho importante também não explorar excessivamente o talento esportivo. Se você pega uma criança antes da puberdade, com 12, 13 anos e coloca uma sobrecarga excessiva de treinamento, ela pode sofrer um fenômeno chamado Burnout. Aí, quando chega sua idade de maior potencial de rendimento, entre 18 e 24 anos, ela está estressada, saturada e não aguenta mais treinar porque perdeu o melhor da sua infância e adolescência se dedicando às competições: enquanto os amigos iam pra festa do pijama na sexta à noite, ela estava concentrada para uma disputa no sábado cedo, lidando com a pressão da disputa e dos patrocinadores”, defende Luis Carlos Oliveira.

O instrutor destaca que se deve respeitar o ritmo de desenvolvimento natural da criança, já que talento esportivo é resultado dos seguintes aspectos:

- biológico: como é o corpo e a capacidade desse corpo para a realização daquela atividade;
- técnico: tem que ter habilidade motora praquela modalidade;
- psicológico: tem que ter perseverança, resiliência e entender que esporte não é feito só de vitórias;
- ambiente social: família, amigos, técnico, patrocinadores e as expectativas que eles colocam no atleta.

“A carga genética corresponde a 80% de um atleta de alta performance. Somos produtos da interação do gene e do meio ambiente”, destaca o instrutor da Celafiscs, que é professor universitário de atletismo, que provoca: “quantos esgrimistas bons temos no Brasil? Quantas crianças tiveram contato com um florete na vida para saber se tem talento pra essa modalidade?”.

Dessa forma, se uma criança não tiver contato com determinadas práticas esportivas como o atletismo, por exemplo, não será possível descobrir se ela tem potencial para a corrida. “Não adianta ter potencial genético se não expõe ao ambiente favorável. Assim como não adianta pegar um garoto sem talento e levar pra Jamaica pra treinar com o Hussein Bolt”, conta Oliveira.

Detectar esses potenciais atletas de alta performance com o uso de ferramentas científicas é possível e foi algo muito usado na década de 1980, sendo inclusive responsável por talentos como a Hortência (ex-jogadora de basquete) e Vera Mossa (ex-jogadora de vôlei). “Brasileiro gosta de sofisticação, exame de íris e impressão digital. Acha bacana, mas esquece que com fita métrica, cronômetro e balança, consegue fazer a mesma coisa”, afirma o instrutor de pesquisas do Celafiscs, que defende que a boa nutrição também é essencial para o talento do futuro atleta. Sem a alimentação adequada, qualquer talento pode ser desperdiçado.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Brincadeiras de criança auxiliam no desenvolvimento físico e motor



As brincadeiras de criança estimulam a fantasia, deixam o pensamento fluir, promovem o equilíbrio, desenvolvem a atenção e estabilizam os movimentos físicos e motores. 

Quem garante é a especialista em fisioterapia infantil Fernanda Davi. Das mais antigas até as mais modernas, o que não faltam são brincadeiras! As mais adoradas pelas crianças provavelmente são aquelas que mais as estimulam. ”Quando os pequenos se identificam com uma brincadeira é porque percebem que ela é capaz de suprir o que precisam para se desenvolverem mais e melhor. É natural”, explica Fernanda.

Esconde-esconde, pega-pega e amarelinha envolvem o equilíbrio para se manterem em um pé só, força nas pernas para correr e imaginação para encontrar os esconderijos. Os jogos em geral, seja de bola ou tabuleiros, estabelecem regras de divisão de times e percepção de tempo de espera para jogar na vez de cada um. E até as brincadeiras simbólicas de casinha, comidinha, boneca e as fantasias de super heróis desenvolvem a imaginação. “As brincadeiras servem como instrumento para o crescimento das crianças. A percepção e orientação de espaço e tempo são essenciais para a coordenação motora, memória e raciocínio”, conclui.


 

Fazer exercício é a última opção que brasileiro pensa quando quer emagrecer


Quando o assunto é perder peso, o que não falta são receitas infalíveis. Dieta, uso de inibidores de apetite, tratamentos estéticos de redução de medida e até cirurgias estão na lista dos métodos procurados pelos indivíduos que declaram guerra à balança. Curiosamente, a alternativa “academia” é a última opção para muitas pessoas que querem entrar em forma. 


As justificativas são múltiplas: distância física, falta de tempo e mensalidade alta são as mais comuns. De olho nesse público, algumas empresas se especializaram em “levar a academia para dentro da casa do cliente”, através da venda de aparelhos de ginástica que prometem livrar o indivíduo do sedentarismo e, de quebra, tornear todo o corpo.

Teoricamente, as vantagens vão para além da comodidade de ter por perto “uma academia” aberta 24 horas à sua disposição. O fato de quase sempre o equipamento ser portátil e poder ser utilizado em muitos lugares (às vezes até no trabalho) também é um fator determinante para os adeptos deste método.

“Estou me programando para comprar o Air Climber Power System, um equipamento que conjuga aeróbico e fitness, que vai me proporcionar a perda de peso e depois trabalhar todos os músculos do meu corpo. Acho vantagem porque vou poder fazer no meu horário, já que não tenho tempo de ir à academia. Sem falar na relação custo versus benefício: ele custa R$ 500 e é para a vida toda, enquanto um mês de academia custa, em média, R$ 100”, contou a assistente administrativa Fernanda Gomes, que conheceu o equipamento através de uma propaganda em um canal fechado.

O mesmo equipamento e outros similares podem ser encontrados facilmente na internet e em lojas do segmento nos principais centros comerciais da cidade. Contudo, os especialistas recomendam cautela para que o “remédio” não apresente efeitos colaterais, como aconteceu com a artesã Rafaela Soares que adquiriu uma tendinite após exercícios malfeitos em um aparelho abdominal.

“A prática de exercício físico sem orientação de um profissional pode causar muitos prejuízos à saúde de quem se propõe a fazê-lo. Além de lesões na coluna, joelho e aos músculos, o praticante pode ainda não obter o resultado esperado, pois esses aparelhos propõem exercícios de resistência física e não aeróbico, ou seja, não resultam na perda de peso”, alerta o educador físico Cleber Miranda.

Segundo o personal, é impossível que o mesmo aparelho seja polivalente, com funções para emagrecer, enrijecer e tornear músculos de naturezas e localizações tão diferentes, como coxa, panturrilha, glúteo e peitoral, entre outros.

Outro perigo é a generalização da atividade imposta pelos equipamentos, isto é, a mesma forma de malhar para pessoas de faixas etárias e perfis distintos.
“A especificidade de cada indivíduo (se ele tem algum problema de saúde ou não) e os objetivos devem ser levados em conta e normalmente os manuais desses equipamentos não levam. Não estou dizendo com isso que eles são ruins ou ineficazes. Só o fato de tirar a pessoa do sedentarismo já vale a pena, mas deve ter o acompanhamento de um especialista para não ter problemas futuros. Reitero: até uma simples caminhada deve ter orientação, pois é necessário respeitar os limites do corpo, o ritmo e a frequência certa”, ressaltou Miranda.

De acordo com os parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS), para não ser considerado sedentário o indivíduo precisa praticar 150 minutos de atividade física por semana.

“O ideal é procurar uma equipe médica multiprofissional a fim de realizar um check-up para saber o real estado de saúde, fazer um acompanhamento nutricional e depois procurar um professor de educação física para orientar quais são os exercícios, as repetições e a duração de cada sessão, conforme o objetivo pretendido”, aconselha.

*Matéria retirada do site Tribuna da Bahia